sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Princípio de Funcionamento dos Motores de Combustão



Introdução:

Uma das maiores paixões do brasileiro sem sombra de dúvidas são os automóveis, e ao conversar com as pessoas que gostam de tecnologia automotiva, necessariamente tocam nos aspectos dos motores de combustão.
Alguma vez você abriu o capô do seu carro ou de alguém e ficou imaginando o que acontece lá dentro? Para quem não entende do assunto o motor de um carro pode parecer uma salada de metal, tubos e fios.
Neste artigo, quero levar os alunos da disciplina de térmicas a refletir sobre os conhecimentos básicos de funcionamento dessa máquina que gera trabalho efetivo e os seus diversos componentes e sistemas.

Pode ser só curiosidade, ou você talvez queira comprar um carro novo e tenha ouvido algo como "3.0 V6", "duplo comando no cabeçote" ou "injeção multiponto". Que coisas são essas?


Figura 1.
Foto cortesia da DaimlerChrysler
Motor do Jeep Grand Cherokee 2003

O propósito do motor de um carro a gasolina, álcool ou gás é transformar em movimento o combustível - isso vai fazer o carro andar. O modo mais fácil de criar movimento a partir da gasolina é queimá-la dentro de um motor. Portanto, o motor de carro é um motor de combustão interna - combustão que ocorre internamente.

Duas observações importantes:

  • há vários tipos de motores de combustão interna, também chamados de motores a explosão. Motores a diesel são um tipo e turbinas a gás são outro. Cada um tem suas próprias vantagens e desvantagens;

  • também existem motores de combustão externa. O motor a vapor de trens antigos e navios a vapor é o melhor exemplo de motor de combustão externa. O combustível (carvão, madeira, óleo ou outro) é queimado fora do motor para produzir vapor, e este gera movimento dentro do motor. A combustão interna é muito mais eficiente (gasta menos combustível por quilômetro) do que a combustão externa, e o motor de combustão interna é bem menor que um motor equivalente de combustão externa.

Quase todos os carros atuais usam motor de combustão interna a pistão porque esse motor é:

  • relativamente eficiente (comparado com um motor de combustão externa);
  • relativamente barato (comparado com uma turbina a gás;
  • relativamente fácil de abastecer (comparado com um carro elétrico);
Essas vantagens superam qualquer outra tecnologia existente para fazer um carro entrar em movimento.

Para compreender o funcionamento básico de um motor de combustão interna a pistão é útil ter uma imagem de como funciona a "combustão interna". Um bom exemplo é um antigo canhão de guerra. Você provavelmente já viu em algum filme soldados carregarem um canhão com pólvora, colocarem uma bala e depois o acenderem. Isso é combustão interna - mas o que isso tem a ver com motores?

Um exemplo melhor: digamos que você pegue um pedaço comprido de tubo de esgoto, desses de PVC, talvez com 7,5 cm de diâmetro e uns 90 cm de comprimento e feche uma das extremidades. Então, digamos que você espirre um pouco de WD-40 dentro do tubo, ou jogue uma gotinha de gasolina e em seguida empurre uma batata para dentro do cano. Assim:


Figura 2.

Eu não estou recomendando fazer isso! Mas digamos que você tenha feito... Esse dispositivo é conhecido como canhão de batata. Com uma centelha é possível inflamar o combustível.

O interessante aqui, e a razão para falarmos de um dispositivo como esse, é que um canhão de batata pode arremessar uma batata a cerca de 150 metros de distância! Um pingo de gasolina armazena um elevado percentual de energia.

Combustão interna:

O canhão de batata usa o princípio básico de qualquer motor de combustão interna convencional (motor a pistão). Pôr uma pequena quantidade de combustível de alta energia (como a gasolina) em um reduzido espaço fechado e gerar uma centelha libera uma quantidade inacreditável de energia, na forma de gás em expansão. Essa energia pode ser usada para fazer uma batata voar 150 metros. Nesse caso, a energia é transformada em movimento da batata. Isso também pode ser usado para fins mais interessantes. Por exemplo, ao se criar um ciclo que permita provocar centenas de explosões por minuto e torne possível empregar essa energia de forma útil estará feita a base de um motor de carro!

Quase todos os carros atualmente usam o que é chamado de ciclo de combustão de 4 tempos para converter a gasolina em movimento. Ele também é conhecido como ciclo Otto, em homenagem a Nikolaus Otto, que o inventou em 1867. Os tempos de funcionamento dos motores endotérmicos ou de combustão podem ser elencados como:

  • Admissão
  • Compressão
  • Combustão/Explosão
  • Escapamento

Como são os tempos?

Um componente interno do motor chamado de pistão substitui a batata no canhão de batata. O pistão está ligado ao virabrequim por uma biela. Conforme gira, o virabrequim "arma o canhão." Eis o que acontece à medida que o motor passa por esse ciclo:

  1. A válvula de admissão se abre enquanto o pistão se move para baixo (deslocamento do PMS ao PMI), levando o cilindro a aspirar e se encher de ar e combustível. Essa fase é a admissão. Somente uma pequena gota de combustível precisa ser misturada ao ar para que funcione.
  2. O pistão volta para comprimir a mistura ar-combustível (deslocamento do PMI ao PMS). É a compressão, que torna a explosão mais potente.
  3. Quando o pistão atinge o topo do seu curso, a vela de ignição solta uma centelha para inflamar a mistura. O combustível no cilindro entra em combustão, aumentando rapidamente de volume e empurrando o pistão para baixo.
  4. Assim que o pistão atinge a parte de baixo do seu curso, a válvula de escapamento se abre e os gases queimados deixam o cilindro através do tubo existente para esse fim.
Agora o motor está pronto para o próximo ciclo, aspirando novamente ar e combustível. Observe que para ocorre o ciclo do motor endotérmico endotérmico de 4 tempos, é necessário que haja 2 voltas no eixo virabrequim.
Observe que o movimento que resulta de um motor de combustão interna é rotativo, embora os pistões se movam de forma linear, da mesma forma que o canhão de batata. Em um motor o movimento linear dos pistões é convertido em movimento rotativo pelo virabrequim. É esse movimento rotativo que permite fazer as rodas dos carros girarem.

Vamos ver agora todas as partes que trabalham juntas para fazer isso acontecer.